No último dia 12 de agosto, a formatura de 2.299 policiais militares de Pernambuco marcou um momento histórico e emocionante. Entre as longas filas de rostos sérios, estava Stella Thainá da Silva, de 27 anos, a primeira mulher trans a ingressar na Polícia Militar de Pernambuco (PMPE) já com sua identidade de gênero reconhecida.
Em meio à solenidade, Stella não conteve as lágrimas. Ao lado de seus colegas, que celebravam o fim da rígida cerimônia jogando os bonés para o alto, ela repetia baixinho: “Eu consegui”.
Um sonho realizado com lágrimas e luto
Dias antes, Stella havia se olhado no espelho de sua casa, no bairro da Várzea, no Recife, vestindo pela primeira vez o uniforme completo da PMPE. O sorriso refletia o sonho de infância que, após muitos desafios, finalmente se tornava realidade: ser policial militar.
Mas a conquista também foi marcada pelo luto. O pai de criação, Gabriel da Silva, figura fundamental em sua vida, faleceu de causas naturais entre a divulgação da prova objetiva e a redação do concurso. Ele sempre a apoiou, inclusive quando Stella iniciou o tratamento hormonal, e repetia à filha que “tudo iria dar certo”, mesmo quando ela duvidava.
Superação e pioneirismo
Filha da empregada doméstica Ieda Silva, Stella enfrentou muitas dificuldades desde cedo. O pai biológico abandonou a família quando ela tinha apenas um ano de idade. Gabriel entrou em sua vida quando ela tinha três anos e sempre demonstrou afeto e cuidado.
Sua trajetória de superação rompe barreiras dentro da própria corporação. Stella se torna a primeira pessoa trans a vestir a farda da PMPE reconhecida oficialmente em sua identidade de gênero.
Mais do que uma conquista pessoal, sua formatura representa um marco histórico de inclusão e diversidade dentro das forças de segurança em Pernambuco.
Deixe um comentário