O escândalo da espionagem ilegal montada dentro da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), teve como alvo o atual prefeito do Recife, João Campos (PSB), segundo relatório final da Polícia Federal (PF).
De acordo com o documento, a chamada “Abin paralela” foi utilizada para monitorar opositores políticos, jornalistas, servidores públicos, deputados, senadores e até membros do Poder Judiciário. O relatório detalha ainda que houve um pico no uso do sistema de espionagem justamente em outubro de 2020, mês das eleições municipais.
Na ocasião, João Campos era deputado federal e disputava a prefeitura do Recife, saindo vitorioso na eleição contra sua prima, Marília Arraes, então filiada ao PT.
O jornal O Estado de S. Paulo teve acesso ao relatório de 1.125 páginas, cujo sigilo foi retirado na última quarta-feira, 18 de junho, pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. A decisão permitiu que viessem à tona detalhes da operação clandestina que operava dentro do próprio Estado brasileiro.
As investigações da Polícia Federal confirmam que o aparato de inteligência foi desviado de sua finalidade oficial para atender interesses políticos do governo da época, gerando uma série de violações à democracia e aos direitos individuais.
Esse episódio reforça a gravidade do uso indevido das estruturas de Estado para perseguição política, ferindo frontalmente princípios democráticos e colocando em xeque a segurança institucional do país.
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