A governadora Raquel Lyra (PSD) voltou a demonstrar habilidade estratégica no xadrez político que vem disputando com o prefeito do Recife, João Campos (PSB). A nova jogada foi percebida por analistas como um movimento certeiro e silencioso que pode ter impactos significativos na disputa pelo controle do MDB em Pernambuco.
Nesta terça-feira (15), foi anunciada a ida do vereador Vinícius Campos (MDB) para a Secretaria de Habitação de Paulista, a convite do prefeito Ramos, aliado de primeira hora da governadora. Com isso, a suplente Kelly Tavares (MDB), presidente do diretório municipal da sigla, assumirá o cargo de vereadora na próxima quarta-feira (16).
O que torna o movimento mais relevante é o histórico recente: semanas atrás, Kelly havia anunciado sua ida para o governo de João Campos, indicando que assumiria um cargo na Prefeitura do Recife, em articulação com o presidente estadual do MDB, Raul Henry — nome fortemente ligado ao PSB.
A mudança de rumo revela a tensão interna no MDB, partido que vive uma disputa entre duas alas. De um lado, Raul Henry e sua aproximação histórica com o PSB. Do outro, o deputado estadual Jarbas Vasconcelos Filho, o Jarbinhas, que conta com o apoio do pai, o ex-senador Jarbas Vasconcelos, e do senador Fernando Dueire. Essa ala defende uma nova direção para o MDB em Pernambuco, alinhada politicamente com o grupo da governadora Raquel Lyra.
Com Kelly Tavares no Legislativo municipal de Paulista e mantendo o comando do diretório local do MDB, Raquel Lyra fortalece sua posição dentro da legenda. Como a presidente municipal, Kelly tem poder de voto no processo interno do partido — e isso pode pesar nas definições que estão por vir.
O movimento também mostra a articulação afinada entre Raquel Lyra e o prefeito Ramos, que tem promovido mudanças estratégicas em seu governo, com foco em ampliar sua base e fortalecer o campo político da governadora na Região Metropolitana.
Enquanto João Campos tenta manter a hegemonia do PSB e a influência sobre legendas tradicionais, Raquel vai construindo sua base, peça por peça. A entrada de Kelly na Câmara de Paulista, nesse contexto, é mais do que uma substituição: é um lance calculado que pode dar à governadora mais um partido em sua base de apoio rumo às eleições de 2026.
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