terça-feira , 8 julho 2025
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Quem governa o Brasil: o presidente ou o Supremo? A fala de Lula que gerou polêmica

As recentes declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ao comentar sua decisão de acionar o STF (Supremo Tribunal Federal) para validar o decreto que aumenta a cobrança do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), escancararam uma realidade incômoda e perigosa: o Executivo afirma não conseguir mais governar sem a mediação do Judiciário.

“Se eu não entrar com recurso no Poder Judiciário, se eu não for à Suprema Corte… ou seja, eu não governo mais o país, cara”, declarou Lula, em entrevista à TV Bahia, usando uma metáfora que resume bem a crise institucional: “Cada macaco no seu galho. Ele [o Congresso Nacional] legisla, eu governo, sabe?”.

Mas será que, na prática, ainda existe essa divisão clara entre os galhos? Ou já temos uma floresta embolada de poderes emaranhados, onde ninguém mais sabe quem decide o quê?

O jornalista William Waack, da CNN Brasil, apontou com precisão o verdadeiro dilema: “É saber até onde vai o galho de cada macaco. Coisa que cabe agora ao STF definir”. Em outras palavras, o Supremo virou árbitro, legislador e, cada vez mais, uma espécie de co-governante do país.

Lula expõe um conflito institucional que já vem se arrastando há anos: o Judiciário ocupando espaços que antes eram claramente do Legislativo ou do Executivo. Mas a declaração do presidente tem um tom de alerta — ou até de desabafo — sobre a dificuldade de governar sob a constante interferência e judicialização das decisões.

Por outro lado, é preciso lembrar que o papel do Congresso Nacional é legislar e fiscalizar. E, se um decreto do Executivo é questionável, é natural que passe pelo crivo do Judiciário. O problema começa quando tudo vira judicialização — inclusive o que deveria ser resolvido no campo político.

Essa briga de galhos mostra o quanto o Brasil vive um desequilíbrio entre os Poderes, onde os limites estão cada vez mais confusos. E nesse impasse, quem perde é o povo, que assiste a um jogo de empurra entre Brasília, o STF e o Congresso, enquanto os problemas reais do país continuam à espera de soluções.

O STF deve ser árbitro, não protagonista. O Congresso precisa assumir seu papel com responsabilidade. E o Executivo deve buscar governar com diálogo e articulação, não apenas com liminares. Se cada macaco não souber onde termina o seu galho, a árvore institucional brasileira corre o risco de cair.

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