O Ministério Público de Pernambuco (MPPE), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), e a Polícia Civil de Pernambuco (PCPE) concederam, nesta quarta-feira (19), uma entrevista coletiva para apresentar novos detalhes da segunda fase da Operação Alvitre, que apura supostos desvios milionários de emendas parlamentares no município de Ipojuca.
Ao todo, quatro pessoas foram presas: três por mandados de prisão — um vereador de Ipojuca, um presidente de associação e um empresário — e uma vereadora detida em flagrante. A Justiça também determinou o afastamento, por 180 dias, do vereador alvo do mandado e de dois servidores da Câmara Municipal. Além disso, mandados de busca e apreensão foram cumpridos em endereços de Ipojuca, Recife e Bezerros.
Associação recebeu R$ 12 milhões em emendas desde 2022
A promotora de Justiça Katarina Gouveia destacou que a destinação de emendas parlamentares para entidades privadas está no centro das investigações. Pela Lei Orgânica de Ipojuca, vereadores podem direcionar até 2% da receita municipal em emendas.
Uma das entidades investigadas é a Associação Filhos do Ipojuca, que recebeu cerca de R$ 12 milhões em emendas desde 2022. Embora atuasse com projetos esportivos e historicamente recebesse aproximadamente R$ 200 mil anuais, o salto repentino nos repasses acendeu o alerta.
Segundo o MPPE, o presidente da associação atuava como “laranja”, enquanto o verdadeiro responsável pelos recursos seria o próprio vereador que destinava as emendas. A associação funcionaria, inclusive, em um imóvel ligado ao parlamentar, e seu quadro dirigente incluía pessoas com vínculos familiares e profissionais com ele.
MPPE reforça necessidade de transparência nas emendas
O coordenador do Gaeco, promotor Roberto Brayner, afirmou que o objetivo não é criminalizar o instrumento das emendas, mas garantir que seu uso seja transparente e republicano.
Ele destacou o entendimento do ministro do STF Flávio Dino, que defende maior controle social e clareza na destinação de recursos públicos por meio de emendas.
Desvios envolveriam empresários e dirigentes da associação
O delegado Ney Rodrigues explicou que a investigação identificou participação direta de empresários, do presidente da entidade e do vereador na condução do suposto esquema.
“As prestações de contas apresentavam incoerências e indicavam incapacidade operacional da associação para justificar os serviços pelos quais recebeu os valores”, afirmou.
Próximos passos
Com os materiais apreendidos e os depoimentos colhidos nesta segunda etapa da Operação Alvitre, tanto o MPPE quanto a Polícia Civil esperam aprofundar a investigação e esclarecer completamente o direcionamento dos recursos públicos.
A operação segue em andamento.


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