Seis ministras do Governo Federal, além do ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, participaram neste domingo (7), em Brasília, do ato Levante Mulheres Vivas, mobilização realizada por movimentos sociais após a recente onda de feminicídios que chocou o país. A manifestação também ocorreu simultaneamente em outras capitais.
Sob chuva intensa, o evento contou com a presença da primeira-dama Janja Lula da Silva. Durante o ato, a ministra da Mulher, Márcia Lopes, afirmou que as mulheres precisam ocupar metade dos cargos políticos no Brasil e reforçou que o voto deve ser usado como ferramenta de enfrentamento à violência de gênero. Ela declarou que as mulheres não devem votar em candidatos que agridam ou ofendam mulheres.
A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, disse que o combate à violência contra as mulheres é uma luta civilizatória e destacou que a participação dos homens é fundamental para superar esse problema histórico e cultural de subordinação feminina.
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, relembrou o assassinato da irmã, a vereadora Marielle Franco, e também o da líder quilombola Mãe Bernadete, afirmando que o recado deixado por esses crimes não intimidará as mulheres que continuam ocupando espaços de poder.
Mesmo em recuperação de uma cirurgia, a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, esteve presente no ato, em cadeira de rodas. Ela destacou que a violência contra mulheres indígenas continua invisibilizada e muitas vezes nem chega às estatísticas oficiais. A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, afirmou que a luta das mulheres por direitos é histórica e envolve desde igualdade salarial até condições adequadas para que mulheres cientistas avancem em suas carreiras.
Em seu discurso, a primeira-dama Janja Lula da Silva defendeu penas mais duras para feminicidas, afirmando que não é aceitável que homens que cometem esse tipo de crime voltem às ruas rapidamente e possam fazer novas vítimas. A ministra da Gestão e Inovação, Esther Dweck, também acompanhou a mobilização.
A convocação do ato ocorreu após crimes que ganharam repercussão nacional. No fim de novembro, Tainara Souza Santos foi atropelada e arrastada por cerca de um quilômetro, tendo as pernas mutiladas. No Rio de Janeiro, duas servidoras do Cefet-RJ foram assassinadas por um funcionário da instituição, que em seguida tirou a própria vida. Em Brasília, o corpo carbonizado da cabo do Exército Maria de Lourdes Freire Matos, de 25 anos, foi encontrado na última sexta-feira (5). O soldado Kelvin Barros da Silva confessou o crime, investigado como feminicídio.
Segundo o Mapa Nacional da Violência de Gênero, cerca de 3,7 milhões de mulheres brasileiras sofreram violência doméstica nos últimos 12 meses. Em 2024, o Brasil registrou 1.459 feminicídios, uma média de quatro mulheres assassinadas por dia. Em 2025, mais de 1.180 casos já foram contabilizados.


Deixe um comentário