O pregão desta sexta-feira (5) na B3 começou em clima de forte otimismo, mas terminou em um dos maiores sobressaltos do mercado brasileiro nos últimos anos. A notícia de que o ex-presidente Jair Bolsonaro teria escolhido o filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), como seu candidato à Presidência da República em 2026 virou o humor dos investidores e provocou uma brusca reversão nos ativos financeiros.
Minutos antes do anúncio se espalhar entre operadores — e ser confirmado pelo presidente do PL, Valdemar Costa Neto — o Ibovespa havia renovado sua máxima histórica, alcançando 165.036 pontos. Logo após a revelação, porém, o rali perdeu força rapidamente.
Por volta das 17h45, o principal índice da Bolsa brasileira despencava 4,19%, aos 157.554 pontos, muito próximo da mínima do dia. Em poucas horas, o movimento transformou um recorde histórico em uma das quedas mais intensas desde 2021.
No câmbio, o impacto foi semelhante. O dólar, que operava estável ao redor de R$ 5,29, acelerou e encerrou o dia cotado a R$ 5,44, alta de 2,43% — o maior valor desde meados de outubro. O salto reflete a corrida dos investidores para ativos considerados mais seguros, diante da percepção de maior incerteza no cenário eleitoral brasileiro.
Mercado vê fragmentação na direita e aumento de incerteza
Para analistas, a indicação de Flávio Bolsonaro foi interpretada como um gesto que divide a direita e reduz o espaço para nomes de centro-direita considerados mais competitivos contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2026.
Os governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Ratinho Júnior (PSD), apontados como opções mais bem avaliadas pelo mercado, teriam agora menos margem para avançar com competitividade.
Segundo analistas, investidores tendem a preferir candidaturas que ofereçam previsibilidade fiscal e menor radicalização política — fatores que o mercado associa a nomes alternativos dentro do campo da direita.
Valdemar Costa Neto, ao comentar a escolha, minimizou resistências internas:
“Se Bolsonaro falou, está falado”, afirmou o dirigente.
Queda lembra momentos críticos da história recente
A forte volatilidade levou o mercado a revisitar episódios marcantes. De acordo com levantamento da consultoria Elos Ayta, movimentações semelhantes ocorreram em:
- 8 de março de 2021, quando o ex-presidente Lula recuperou seus direitos políticos, levando o Ibovespa a cair 3,98%;
- fevereiro de 2021, quando a indicação de Joaquim Silva e Luna para a presidência da Petrobras provocou um tombo de 4,87% no índice.
O episódio desta sexta-feira volta a mostrar como o tabuleiro eleitoral de 2026 já começa a moldar o comportamento dos investidores e influenciar diretamente os mercados financeiros.


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